Celebrado anualmente no dia 10 de outubro, o Dia Mundial da Saúde Mental promove uma reflexão sobre o estresse a que são submetidos os servidores da segurança pública, em especial os policiais militares, que atuam na linha de frente do combate à criminalidade.
Conforme dados do 13ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 343 policiais civis e militares foram assassinados em 2018, no Brasil. Em 75% dos casos, os assassinatos ocorreram quando os profissionais estavam fora de serviço.
Em Mato Grosso do Sul, apesar de o número de policiais mortos em serviço nos últimos anos ser próximo de zero, o problema é outro: o alto índice de suicídios.
Se em todo o ano passado três militares ceifaram a própria vida, em 2019 já foram cinco. Por outro lado, a última baixa da Polícia Militar em confrontou com marginais ocorreu em 2017.
Segundo a psicóloga Alicia Izidre do Couto, que trata dos militares pela ACS (Associação e Centro Social dos Policiais Militares e Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul), estresse, desestímulo e jornada excessiva de trabalho são as principais queixas entre os poucos agentes da corporação que decidem procurar ajuda antes de chegar ao estado de colocar um ponto final à própria existência.
“O policial militar é treinado a se guardar, se proteger e, sendo assim, não falar muito sobre si. Então, são poucos os que procuram ajuda. Mas o que a gente observa é uma sobrecarga de trabalho, de plantões, que, somada à falta de assistência, tem levados muitos à depressão e até à morte”, afirma a psicóloga, que atende cerca de 15 policiais gratuitamente por mês na sede da entidade.
“O esgotamento mental e físico são características da Síndrome de Burnout. É um exemplo de patologia psicossocial, que leva a alteração no comportamento da pessoa, tornando-a mais agressiva e ansiosa”, cita.
Ainda conforme Alícia, muitos nem sequer procuram tratamento por vergonha de serem vistos como “fracos” entre os colegas. “Eles dizem: ‘Como vou ficar visado dentro da tropa? Como um fraco?’. Acredito que, se houvesse uma conscientização de que a saúde mental é, muitas vezes, mais importante que a saúde física, isso seria diferente”, avalia.
A ACS desenvolve, desde o início da atual gestão, um programa de atendimento psicológico gratuito. As consultas acontecem na sede da ACS, em Campo Grande, na Clínica Carandá, no PME (Presídio Militar Estadual) e em viagens pelo interior.
O serviço está disponível diariamente, no horário de funcionamento da sede, e deve ser feito mediante agendamento pelo telefone (67) 3387-8501.
Jeozadaque Garcia
Assessoria de Imprensa da ACS